Nunca me considerei muito certa
da cabeça. Faço coisas que as pessoas não entendem. Sou meio assim, esquisita
ao meu jeito.
Nessas últimas semanas os sinais
de loucuras se intensificaram. Chegou ao auge quando pensando na vida
atravessei a rua sem olhar para os
lados, justo eu a cautelosa, fazendo isso. Sorte que, o que eu tenho de tonta
meu anjo da guarda tem de ligado, porque continuo aqui a escrever.
Por diversas vezes me pego
falando com meu projeto, como se ele fosse gente. Hoje por exemplo, tivemos uma
DR. Disse pra ele que chega, não sou de relações grudentas, essa coisa de o
tempo inteiro juntos não é pra mim. Minha individualidade prevalece. Quero meu
espaço. A astrologia já disse que eu estava condenada a buscar a liberdade quando
nasci, o signo me persegue e nada nem ninguém mudará isso.
Me perco nas coisas mais sem nexo
que existem. Por exemplo, estabeleço que escutarei Nirvana e ao pôr o clipe
fico analisando a oleosidade do cabelo do Kurt Cobain. Anaaaa, que coisa mais
inútil. A necessidade da fuga chega a ser engraçada.
Tenho certeza que se alguém
entrasse no meio da tarde no local que estou trabalhando e visse a cena da guria
com moleton do Tom e Jerry, com fones de ouvidos verdes limão dançando e
cantando músicas do fundo do baú enquanto trabalha, diria que ela tem que
passar por uma avaliação psiquiatrica mais intensa ou então, no iminimo, perderia todo o
respeito moral por essa pessoa.
Chego a conclusão que são tantas
coisas na cabeça que elas se fundem e a sanidade sai pra brincar com eles me
deixando só. É um tal de Tim Maia dono do comércio que coloco na orla, um Zeca
Pagodinho sentado bebendo cerveja no final de tarde, uma festa junina que insiste
em ser montada na nova praça do loteamento, Diego Torres no trapiche sentado ao
lado da Penolope e o Teatro Mágico ecoando notas na minha cabeça me questionanso
sobre tudo, sobre todos.
A insanidade é algo fascinante.
Me divirto com ela. Desmonto a palavra, junto a sanidade que acho que me resta,
com a idade e as responsabilidades advindas com ela. Finjo que não dou bola pra todos os sinais de loucura que eu insisto em demonstrar.