- Vem, vai ter crepe!
Me diz a voz infantil do outro
lado do telefone.
- Não vai ter festa nem nada, só crepe e parabéns! E eu
queria tanto que tu viesse, sabe vou até matar aula (dito em um tom, que parece
que matar aula é o maior feito de rebeldia que uma criança de 11 anos pode ter)!
Não
resisto, posso ter compromisso com quem quer que seja, mas cancelo, vou de
qualquer forma. A desculpa mais esfarrapada seria: queria tanto ir, mas tenho
tanto a fazer, não dá tempo infelizmente, mas depois mando o teu presente ok?! Vergonha
de todas as vezes que me menti dizendo isso, não existe o depois, o momento é
único, se fizemos uma forcinha quase sempre dá e eu gosto tanto dele, que devo me dar o direito. Quando nos permitimos, percebemos que o contratempo as vezes é o melhor que poderia ter ocorrido.
Essa
semana, TODA a vez que pensei em me queixar de algo, por uma coincidência
qualquer da vida, ou não, uma criança me sorriu. Do nada, assim como um sinal.
Na parada do ônibus, no meio da rua, no shopping, no restaurante. Como se elas
lessem minha mente e me dissessem: continua, vai, cadê o tudo vai dar certo sua
medrosa! Ergue essa cabeça, não quero te ver triste nem lamentando, preciso
olhar pro mais velhos e ter certeza de que o futuro vai ser bom, que a
felicidade vai comigo pra onde for, pra quando for...
Quando
recebi o telefonema hoje pela manhã, ri da ironia do destino, porque nada
melhor do que terminar essa semana como uma festa de criança. Pera! eu disse terminar? Ou
seria começar? Não sei, só sei que vou
feliz, com o sorriso bobo no rosto e com a certeza de que a vida tem mais
coisas boas do que eu suspeito.
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