- Já não se faz mais como antigamente!
Quantas vezes
não se ouviu essa frase dita em meio a uma conversa corriqueira qualquer.
Realmente não se faz mais como antigamente, porque tempos atrás o que era feito
era feito para durar. O cobertor, a roupa, o calçado, a família, as crenças, o
casamento, o amor, a amizade enfim. A modernidade trouxe consigo a
diversificação da oferta, a facilidade da mudança. Podemos tomar mais decisões momentâneas
porque a sociedade não impõe que elas sejam eternas. A separação é fácil e
comum. Hoje quando algo estraga se compra um novo, quando um amor termina se
acha outro, quando não se tem mais algo pra crer se acha outra doutrina para se
acreditar.
Nossas
relações humanas são reflexos do nosso consumismo exacerbado. Tudo tem
validade, tudo fica ultrapassado, algumas vezes por ventura dura anos ou a vida toda e quando isso acontece chega a ser visto como pura questão de sorte. Temos pressa por provar tudo,
por trocar, por virar a página. Cada vez se torna mais difícil estabelecer vínculos
duradouros. Realmente, nada é mais como antigamente. A democracia nos faz
escravos da nossa liberdade, que suspeito não termos aptidão pra lidar com ela,
não estarmos prontos para tantas escolhas, tantas tentações.
Não sou a
favor de um estilo de vida ditatorial, só acho que o efêmero tem que dar um
pouco mais de espaço para o eterno. É mais difícil, eu sei. O eterno não se
encontra em qualquer prateleira de supermercado, não dá lucro, não traz vantagens
para o capitalismo. É mais difícil de achar, claro que é. Mas tenho uma fé que
ainda exista, na verdade tenho certeza que está por ai. Anseio pelo dia que direi: Antigamente não se
fazia nada como se faz hoje!
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