sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A FÉ

Admiro as pessoas com uma fé inabalável. Acreditar em algo faz as pessoas não terem tantas dúvidas no caminho. As situações da vida de explicam de uma forma em que fazem mais sentido, até mesmo os momentos dificeis tem um propósito maior.

Não sei dizer ao certo o porque eu deixei de ser católica. Sei quanto tempo faz, exatamente quatro anos, desde então, estou no que chamo: limbo religioso, tentando descobrir no que realmente eu acredito. Tem sido um aprendizado interessante, se abrir a novas culturas, conhecer os diferentes tipos de fé. Não, eu não sai frenquentando os diferentes tipo de cultos, apenas descobri que conheço pessoas de diversas crenças e me abri pra conversarmos mais sobre isso.

Admiro todos que tem uma fé absoluta em o que quer que seja. Até os que tem certeza do nada, ou os que acreditam somente em si mesmos e ponto final. A conclusão que cheguei é que ter fé nos faz mais fortes, ameniza nossas dúvidas, nos acalma quando há a algo que não sabemos responder.  

Eu não consigo assimilar a idéia do NADA, porque na minha cabeça não faz sentido, assim como a temporalidade de eternidade se faz incompreensivel pra mim. Por hora, me contento em achar que eternidade está na nossa sequência de vida. Explico-me, as gerações são nossa eternidade, eu sou a continuação dos que vieram antes de mim e me fizeram chegar até aqui. Eu tenho um pouco do meu pai, que tem um pouco do meu avô, que tem caracteristicas do seu bisavô e assim por diante. Meus filhos serão a continuidade disso. Caso não tenha filhos, minha eternidade se refletirá naqueles que conviverem comigo e que dessa experiência adquirirem algum aprendizado.

Não sei se encontrarei em alguma religião ou doutrina a respostas que procuro, pois tenho a mania de fazer perguntas demais. Mas hoje, acho que grande parte das religiões tem um ponto comum e é nesse que ponto que me fixo: a existência de algo maior. Não o vejo como um ser julgador, nem o vejo como pessoa me prendo a idéia de uma energia poderosa, a qual todos nós pertencemos e todas as vezes que paro e tento duvidar o mundo me mostra a perfeição que me faz voltar a acreditar.

Mais do que admirar a fé inabalavel de determinadas pessoas, agradeço por elas a terem.  Por acreditarem em algo que não veem, por conseguirem olhar além do que está explicito. Eu ainda não consigo fazer isso totalmente, fico no aguardo do dia em que minha cabeça, ou meu coração, se decidirá. Porque faz muito mais sentido ter fé do que viver céticamente, pensando só em si mesmo.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Querida Ana, gostei dessas palavras, nitidamente sinceras quanto a sua visão de mundo.
    Entretanto, se me permites, como um conhecido/amigo/aprendiz/colega de dança (:D), deixa eu fazer alguns comentários:

    não sei se entendi o que vc quiz dizer, mas parece que tentas fazer uma ligação que pelo fato de não teres a tal "fé inabalável" é sinônimo de alguma fraqueza, ou um sentimento que deve, de alguma forma, ser alcançado, obrigatoriamente por qualquer pessoa. Não penso dessa forma. Além, disso, viver ceticamente não é viver pensando em si mesmo; é apenas uma maneira de encarar o mundo com um pouco mais de racionalidade, o que, muitas vezes, é justamente o oposto da fé.

    Particularmente acho que ambas as visões são capazes de ressaltar a necessidade do outro, ou seja, jamais pensar em si mesmo. Isso é egoísmo, e pode existir em pessoas céticas, religiosas, ateias, etc...O caso mais extremo da negação da fé, ou seja, o ateísmo, também traz como consequência uma importância ao ser humano. Uma vez que é negado a existência de uma salvação teísta, é fácil perceber que a única maneira de tornar esse mundo mais vivível, e igualitário, depende somente de nós. Ou seja, uma responsabilidade que faz com que pensemos com a qualidade de vida de todos os demais. E isso não tem nada de pensar somente em si mesmo. De forma quase-semelhante, a visão religiosa também fornece essa responsabilidade com nós mesmos, apesar de partir de hipóteses diferentes, e chegar a conclusões também distintas.

    Acho que a questão que levantasses nem é tanto a visão religiosa VS não religiosa, mas sim com relação ao ceticismo. E se for isso, o ceticismo é uma posição que não leva obrigatoriamente ao ateísmo, tampouco ao "pensar em si mesmo". Então, independente da visão adotada, isso me faz lembrar uma frase do David Hume: "A beleza das coisas existe no espírito de quem as contempla."

    Ei, se me equivoquei com a conclusão do seu texto, peço desculpas. De qualquer forma, acho que o comentário é bem vindo. (sempre repito: O mundo nunca ficou pior por causa de um debate, pelo contrário, talvez as piores atrocidades aconteceram por falta dele) =)
    abraços
    beijos!

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