domingo, 9 de setembro de 2012

PRATIQUE O DESAPEGO



"...porque tá faltando espaço aqui dentro. E eu não sei viver em lotação máxima. "


Nos últimos tempos tenho escrito muito, mas postado pouco. Pois escrevo pra organizar as idéias que insistem em não terem nexo pra mim. O que me faz pensar: se eu não me entendo, imagina os outros? Desenvolvo isso então...

          Dizem que a gente começa a colocar ordem na vida arrumando o quarto. Decidi testar a teoria. Para ver se era só mais um dos contos populares ou se era verdade.

        Passei um dia inteiro revirando cada cantinho do quarto, disposta a não deixar nada fora do lugar. Resultado no fim do dia: fracasso. É incrível em como em toda grande arrumação sempre tem a caixinha das coisas que não se sabe o que fazer.

        Quando resolvo apagar tudo o que não serve no meu computador, por exemplo, sempre ficam uma série de arquivos que me colocam em dúvida de sua utilidade ou não. Minha neura de limpeza diz: joga fora, tá ai só ocupando espaço. Mas outra vozinha insiste em levantar a questão: e se um dia tu precisar? Resultado: pasta no desktop denominada muitas coisas.

          Assim é com o quarto. Tenho uma série de bugigangas acumuladas com o tempo. Coisas que eu acho que nunca mais usarei, mas que são importantes. Pelo menos eu me digo que são. Eu tenho a mania de guardá-las em uma caixa preta. Que fica ali acumulando pó e que só é aberta quando resolvo fazer uma nova grande arrumação. Algumas vezes eu me convenço que já passou da hora de me livrar disso. Quando aquela camiseta surrada já se tornou transparente ou quando me dou conta que meu PC não tem mais entrada de disquete, ou seja, quando não há mais a mínima possibilidade de justificava. Nisso tudo, o que mais me incomoda é saber que o espaço que aquilo ocupa poderia ser utilizado pra se guardar algo novo. Algo realmente útil. E que não sei porque diabos eu insisto em não desapegar.

         Esse meu ritual de limpeza, geralmente, consiste em diferentes partes. Após terminar a faxina do quarto (o que considero meu canto no mundo), tiro um tempo pra mim. Faço as unhas, hidrato o cabelo, faço uma limpeza de pele e enquanto a máscara seca escuto minhas musicas favoritas e me ponho a escrever sobre tudo aquilo que ando pensando e sentindo. Se nós relutamos tanto em fazer essa faxina nos objetos, quem dirá com nossas emoções e pensamentos.

             Só consigo visualizar tudo o que guardo assim, escritos no papel. E da mesma forma que mantenho meu quarto, me mantenho. Com um espaço reservado para tudo aquilo que eu não sei o que fazer. Não sei se é por medo. Por não saber como lidar. Por colocar o desfecho em segundo plano. Só sei que minha estante em stand by encontra-se temporariamente lotada e cabe a mim dar um jeito.

             Águas paradas não movem moinhos, grita meu inconsciente toda a vez que eu constato isso. Então tá, tenho que dar um destino pra tudo, porque tá faltando espaço aqui dentro. E eu não sei viver em lotação máxima. Preciso definir que o que está ali no lugar certo ou então mandar embora e abrir caminho pra algo novo. Fácil escrever, difícil cumprir. 

           Esperava que ao fim desse texto eu soubesse como o fazer, mas a fórmula mágica não apareceu. Aceito sugestões de quem tiver elas ocupando espaço em vão ai. Vai que numa dessas possamos trocar. Fazer com que o que comigo não tem utilidade preencha um espaço pra alguém e vice-versa.


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