segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A CALÇA

Sinto falta daquela calça.

Ela era perfeita. Tinha aquele cinto que recobria a frente, onde eu conseguia esconder meu celular e meus documentos quando saia. Vestia em mim como nenhuma outra. Nunca precisei fazer bainha nela, veio assim do tamanho das minhas pernas. Ela combinava com tênis, sapato de salto ou chinelo, era da minha cor de jeans favorita, aquela que esconde um pouco das minhas pernas grossas, em suma, era feita pra mim.

Fazia tempo que eu nem lembrava dela. Foi no 20 de setembro, andando pelo Acampamento Farroupilha que me bateu a saudades. Lembrei do meu segundo ano de escola. Estava fazendo aulas no CTG naquela época e quando chegava o feriado gaúcho me mandava pros bailes que aconteciam no nosso coloquial `tijolão`do parque Mauricio Sirotsky pra pôr em prática todos os passos aprendidos.

Parece loucura, mas naquela época íamos a pé no meio da semana pro acampamento as 20h da noite. Íamos em bando é verdade, mas é algo que hoje praticamente não passa mais pela minha cabeça. Não sei se é a velhice que começa a nos deixar mais precavidos ou a cidade que mudou com o tempo e nos obriga a ter mais cuidados. Acreditaria se eu disse que voltávamos a pé também, pela meia-noite, uma hora da manhã. Falando bobagem, cantando e dançando ao longo do caminho.

Sinto falta daquela calça.

Ela carregava consigo ótimas recordações. Sinto saudades daquele tempo, daquelas pessoas e cada vez que me lembrodisso, aparece um sorriso em meu rosto.

Nunca mais tive uma calça como aquela. Infelizmente nenhuma das que comprei depois foi feita com tanta precisão pra mim. Não lembro quando me a joguei fora, mas sei o porque, o porque me desfaço de todas as calças: rasgou no espaço das coxas e não tinha mais como remendar. 

Hoje percebo: eu devia ter guardado aquela calça, porque ela era AQUELA sabe. Mas as vezes a gente joga fora sem querer o que nem fazemos noção do quão importante é...


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