quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ANA NA BOTA | MI MANCHERAI


Magari esse seja o post mais longo que eu vá a escrever. Peço paciência para quem vai lê-lo pois não tenho como resumir tudo aquilo que tenho a dizer sobre meu mês em Camerino.

Cheguei para essa experiencia de intercâmbio totalmente sozinha. Me lembro como se fosse ontem quando entrei naquele ônibus que levava do centro de Roma a pequena cidade universitária. Tantas pessoas falando inglês, uma senhora com um cachorro, alguns espanhóis e eu. Me sentei em um banco e liguei minha música, porque ainda tinhamos que passar no Fiumicino e naquele momento eu morria de saudades de casa, porque os desafios nos fazem querer correr de volta ao nosso ponto seguro.

Quando chegamos na cidade e os grupos foram separados para os apartamentos, tudo começou a mudar. Era engraçado pensar que eu teria que viver nas próximas semanas com 3 pessoas de cultura totalmente diferente da minha e que isso teria, mesmo que em teoria, que dar certo. 

O apartamento era mais do que eu esperava. Quem sabe porque aquela altura a ideia de ter uma casa fixa já era uma grande realização pra mim. Quartos amplos, banheiro limpinho e com água quente, cozinha equipada e uma sacada com uma vista magnifica para as montanhas. Nada mal, pensei eu, enquanto tentava fazer contato com as minhas mais novas conquilinas em uma mistura de italiano com inglês.

Nova cidade, novas regras. Racionamento de água, separação total do lixo, aprender a usar o tal do riscaldamento. Se dar conta que o comércio fecha das 13h30 as 16h30 e que esse é o melhor momento do dia pra descansar e que não é necessario se preocupar com a segurança na rua, porque lá não existe perigos como aqui.

Ok, primeiro reconhecimento de área feito, ora de entrar no programa de estudos-férias-cultura que a Dante Alighieri oferece. Teste de nivelamento, coquetel de boas vindas, aulas, aulas, festas, passeios, degustações, karaoke, aulas, aulas, testes, festas, bar, rua, dança e tantas coisas. Não vou repassar o cronograma aqui. Me basta dizer que era bem puxado, completo, com várias opções. Tempo livre era quase que inexistente (que bom).

Com relação as aulas, posso dizer que me diverti muito e aprendi muito também. Tinha sua parte mais pesada de estudo gramatical, mas também era um momento descontraido no qual se jogava, cantava e se discutia assuntos sérios, como politica e religião (ministrados pelo senhor Alvaro).

Os passeios eram bem de reconhecimento geral. Cansativos, mas que valiam a pena. Se tinha uma noção geral das principais cidades vizinhas, se descobria cidades novas. Mas tinha que ter disposição para acordar no sábado ou domingo super cedo e encarar as horas no onibus.

Vamos a parte principal. Desculpa a escola e a Camerino, mas o que fez mesmo a diferença, foram as pessoas. Sai de casa apaixonada pela ideia de conhecer a Itália que tanto que fascinia e voltei apaixonada por todo mundo que conheci e pelo mundo que eles me mostraram.

Até mesmo as pessoas da escola concordavam que éramos uma turma diferente. Claro que tínhamos nossos problemas entre algumas pessoas, mas no geral, todo mundo se dava bem. Pra mim foi muito dificil dizer arrivederci pra diversas pessoas, querias elas aqui comigo ou próximas a mim, para poder ligar no fim da noite e dizer: vienite, andiamo al bar!Tengo alcune cose a racontarvi! Mas né, não dá. Agora pensando vejo que nesses 30 dias, por mais que passássemos todo o tempo insieme não faltava assunto, não faltava musica, não faltava risadas. E vai ser complicado viver com os momentos de silêncio da vida real.

Tenho muito a agradecer a diversas pessoas que me suportaram nesse tempo, porque né não é fácil. Mas entre tantos queridos, existem seis pessoas que antes mesmo do momento de dizer ciao eu já sentia uma falta absurda e queria estar com elas agora. A elas me dirijo diretamente.

BÁRBARA: Meus almoços nunca mais serão o mesmos depois de ter tido a tua companhia. Adoro teu jeito "sem vergonha" de dizer as coisas, de não deixar pra depois aquilo que tem que ser dito na hora, de observar as coisas, de contar as historias encenando. Eu me achava teatral, mas descobri que não sou nada perto da tua cia. Vou sentir falta de dançarmos juntas, vodka, gelo, limao e coca, entre outras coisas, da briga pelos acentos principais do ônibus, da ida ao mercado juntas, de cantarmos direito ou errado, mas felizes. Não preciso dizer o quanto adorei te conhecer, espero ter demonstrado nesse meio tempo e te espero aqui no Sul, juro que temos porções boas de batatas-fritas aqui e se não tivermos eu faço fazerem pra ti, com um belo churrasco óbvio.

CAROL: Quem disse que engenheiros e arquitetos não se dão bem hein? Alias, qual o bar central que eu posso sempre te achar agora? Falando no telefone, com o maridão. Aposto que tu já parou de ler o texto umas duas vezes no meio para fazer uma ligação. A mineira repleta de samba no pé, que topa qualquer indiada, mesmo que seja sair numa quarta no meio da tarde a caminhar sem rumo por Camerino em busca do mercado que a Ana juraaa que é perto. Espero te ver sempre que tu vieres pro Sul, já que és a mais viajadora de nós e se as cias aereas contribuirem espero logo te encontrar ai. E traz tua mãe junto, porque embebedar ela é muito divertido e temos uns bons bares por aqui.

LU: Estávamos já destinadas a nos conhecer. Tá, a frase ficou meio romântica demais mas tu entendeu. Não acredito em acasos, porque a vida é mais bonita assim. A pessoa que mais me entendia. Digo isso porque esse nosso vocabulário bairrista é complicado e é bom saber que quando eu falava: "ai, uma bergamota e uma lagarteada agora me fariam tão feliz", tu saberia o que significava.  Temos é que tomar muitos chimas por aqui, todos os que não tomamos nesse mês, ir nos jogos, sair pra dançar, jantar, enfim, ainda temos muita coisa da Itália para conversar. Aliás, a gente vê que a pessoa é gente boa quando descobre o time do coração né? Temos a possibilidade de manter aqui a amizade que nasceu na Itália e espero que levemos isso  adiante e que logo estejamos indo pra Recife ver o pessoal ou pra Europa mochilar. Me avisa quando chegar, que quero te ver!

ALVARO: Diferente do que eu sempre brincava contigo hoje te digo: Tu vale muito guri! Não te esquece disso. Minha saudade de ti tem "sapore de male, sapore de sale", como tem a nostalgia. Que bom que além de ter tido a oportunidade de ser tua amiga, fui tua colega, porque a gente sabia se divertir naquela sala. Te digo agora as observações que fiz sobre ti na Roca, porque pra mim continuam sendo verdades: acho que tu é um guri pra casar, bem né, assim que passar essa fase, se é que tu me entende. Aposto que tu fará uma guria muito feliz um dia e terá uma família muito bonita, cheia de pequenos Alvarinhos! Na verdade espero que tu tenha filhas porque seria uma das melhores ironias da vida. Vou sentir falta das nossas horas nas livrarias, das discussões politicas e religiosas, dos momentos de estudo, de culinária, tá e até de ficar te esperando no frio parada em frente a tua casa. Muita saudades de ti, seu Dom Juan de Camerino. E vamos agilizar aquela viagem pra Montevideu, assim que as finanças permitirem.

JU: Piccolina. Parece super quietinha a primeira impressão, só que não. Baita companhia pra compras, festas, bares, almoço e aposto que até pra jogar pedrinha no lago. Nosso último dia em Roma foi muito divertido, agradeço ao Noé que te acordou e fez com que não perdesse o ônibus, porque meu sábado não teria a mesma graça sem a tua presença, mesmo que, com um pouco de sono. Recife fica quão longe mesmo? Vai rolar aquela comemoração de aniver no Asterix? Posso ir me atirar no teu sofá por ai?
Quem bom que essa viagem não prevista na tua vida aconteceu, quem sabe ela era mesmo pra acontecer. Mi manchi e espero que logo possamos fofocar juntas, em um lugar qualquer, mas pessoalmente. Agradeço ao braços abertos toda a vez que me vi "sem casa" em Camerino e sei que tu entende o que quero dizer com isso, e tu e a Bárbara me ofereceram a casa de vocês. Não sei como a gente começou a se falar em Camerino, mas fico feliz que isso tenha acontecido. Aliás, quer me levar na mala na próxima viagem, eu até sei falar alguma coisa de italiano :P

LUCAS:  Literalmente dizendo: meu ombro amigo! Cadeira cativa das viagens, parceria oficial gastronômica de Camerino. Meu amigo rico e exibido, que cada dia está em um lugar diferente. Uiii, ela tá com saudades do Lucas. Fiquei triste que tudo deu errado aquele dia em Napoli, queria poder ter me despedido de ti, mas quem sabe a gente não vai se ver logo e por isso não era pra gente dizer ciao. Mesmo tu tendo se bandeado pro lado negro da força, quero que saibas que amei ter te conhecido. "She will be loved" nunca mais será a mesma. Te espero no sul pra te levar pra salsear por ai e óbvio pra gente ir em uma balada dance e se acabar dançando até amanhecer. Farei o possivel pra ir pra Recife no Carnaval ou no meio do ano. Até lá espero que teu gosto musical tenha melhorado (brincadeira tá) e quero muitas chamadas por skype, com fofoquinhas ou sem, com choros ou sem, tendo ou não o que dizer, pra gente nunca perder o contato e virar "somebody that we used to know" pro outro. E parliamo italiano non inglese, perchè non siamo a Camerino, ma Camerino è tra di noi!

Não gosto de pensar que vocês estão longe. Que Camerino está a dois dias de distância. Gosto de pensar que em um futuro próximo a gente vai estar juntos novamente, mais maduros, com novas histórias pra contar, novas pastas e vinhos pra provar, dividindo a conta em um lugar qualquer. Obrigada por tudo desses 30 dias, pois o que fez a diferença certamente foi termos passado esse tempo juntos!

Sinto muita saudades, mas agradeço todos os dias por tudo que aconteceu!
Svegliatevi pra vida!

PLIM-PLOM

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