quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

MAS COMO TU TÁ FOFINHA...

Tem dias que a gente simplesmente não sabe sobre o que escrever e outros em que as palavras surgem, assim, do nada. Talvez esse seja o momento criativo do mês, então, vamos a ele.
Como uma ex-gorda - atual “gordinha”, “rechonchuda”, “fortinha” ou “fofinha”, chamem como quiserem - não posso deixar de citar meus pensamentos com relação à sociedade e o padrão estético por ela adotado. Já sei, muitos pensaram, mais uma comilona tentando se desculpa por ser gorda. Não é bem isso. Não posso negar que gosto de comida, que massas e pães são maravilhosos, mas me digam, quem não gosta?
Cansei de ver pessoas acima do peso serem tarjadas como pessoas sem vontade, sem determinação, que não emagrecem porque não querem. Embora cause muito polêmica, justifico que as coisas não são bem assim. Conheço muitas pessoas acima do peso que tem hábitos de vida muito mais saudáveis que pessoas de peso normal, que comem corretamente e fazem exercícios, mas que não conseguem emagrecer. Conheço também pessoas que engordam por problemas de saúde e não se dão conta, achando que só regime resolve e depois de um grande tempo gasto com isso descobrem que a causa é outra, tendo que lutar contra duas coisas ao mesmo tempo.
Na verdade aquela frase que diz: “beleza não põe mesa” é bonita e até poética, mas a maioria das pessoas não dá bola pra ela. Os padrões estéticos da sociedade estão ai, fazem partes de nós e digo de TODOS nós. Os gordinhos querem ser magros e os magros querem mostrar pros gordinhos como é maravilhoso estar dentro do estereótipo pré-definido. Certo, nem todo mundo é assim. Concordo. Mas a maioria é assim, digo a maioria e me incluo, pois se não me incluísse não estaria constantemente de regime.
Há um PREconceito implícito na palavra gordo, que muitas vezes remete a essa preguiça e desleixo. Como se todas as pessoas fora dos padrões de peso considerado normais na sociedade contemporânea simplesmente quisessem ser assim e pronto.Não, ninguém quer, afirmo isso!  Os que querem, ou dizem querer, passaram por um processo de aceitação longo e difícil e que é posto a prova todos os dias. É uma briga interna difícil. Ter que ser algo que não se é pra ser feliz, é como ter que mudar uma característica de sua personalidade, em um processo cheio de variantes. Nada nessa vida acontece por mágica. Do tipo, para o mundo até eu estar ok e depois recomeça certo?
Aparência, hoje em dia é até um item de currículo. Conta. E conta muito. Quem não quer ser aceito em um emprego, em um grupo de amigos, na sociedade ou por si mesmo? Na verdade a meu ver o caminho começa ao contrário: primeiro por si mesmo, depois na sociedade e dentro da sociedade esse grupo de amigos e grupo de trabalho. Mas ser aceito por si mesmo é tão complicado, principalmente quando ficam sempre no teu ouvido dizendo que você não é bom o bastante. Sei, temos que deixar de lado os comentários alheios e dar a volta por cima. Mas imaginem vocês querendo se aceitar como algo (pressupõe que seja um momento de dúvida), tendo que achar força todos os dias pra encarar os olhares e os comentários e as pessoas te jogarem mais pra baixo sempre, e às vezes isso é inconsciente, é tipo: tem algo diferente em ti, ou posso dizer que fulano de tal (o gordo em questão) é uma pessoa simpática. Mas consciente ou não comentários negativos machucam e acreditem: NÃO AJUDAM! Óbvio que mentir também não é legal, o importante é achar o meio termo apoiar sem ferir ok?
Então, antes de pré-definir que GORDOS = PREGUIÇOSOS, pare e analise o contexto de vida em que a pessoa se insere como quem não quer nada sabe. Se possível aproveite a deixa e incentive, mas incentive mesmo.  Principalmente tendo em mente a questão saúde, ajude com o passar do tempo, inclua nos círculos sociais, trate os gordos, rechonchudos, fofinhos, o que seja como pessoas normais, por favor. E caso um gordinho queira uma vez comer um BIG-MAC com batatas-fritas, lembre-se: ele também é gente e tem o mesmo direito de ter vontades assim como você.
Quem nunca passou por isso não sabe como é difícil lutar contra tudo e principalmente contra si mesmo. Porque mudar hábitos implica em disponibilidade de tempo, dinheiro, motivação e paciência, principalmente paciência. Afinal, a vida não para pra você se arrumar e se preparar em relação a ela.

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