segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

QUANDO SE TEM QUE DIZER ADEUS


Aquela chamada no celular mudou meu dia.

Confesso, já tinha desistido de assistir ao jogo no olímpico. Parecia tão improvável que tivesse algum ingresso disponível assim tão em cima da hora.

Mas a tal da chamada aconteceu. Chorei, pulei e corri pra me arrumar. Não acreditava que eu poderia assistir ao último jogo oficial, um GREnal ou não, que fosse, pouco importava, eu queria estar lá, cantar o hino do time, bater palmas a cada nome chamado na escalação, xingar o juiz, fazer meu comentários infames, reparar na estrutura, cantar com a geral, torcer, vibrar, gritar olé, enfim, estar lá, de corpo e alma pro que sem dúvida será um dos momentos mais memoráveis da minha vida.

Eu, que ha poucos anos odiava ir ao Estádio, preferia mil vezes assistir pela TV (onde eu estava com a cabeça), estava ali nas cadeiras do Olimpico, emocionada, arrepiada, não compreendendo a dimensão das coisas. Pensando: a vida dá voltas, as coisas mudam.  Graças a Deus, eu mudei.

Sempre fui apaixonada por futebol. Gremista de coração. Devo isso a minha família e entre eles a três dos mais fascinantes homens que já conheci. Meu avô, meu tio Denir e meu pai. Sem dúvida foram eles que me passaram essa paixão. Me recordo até hoje do nervosismo do meu vô em frente ao seu antigo radinho de pilha escutando ao jogo de futebol. Das camisas tricolores  que sempre ganhava do tio Denir a cada verão, de como ele se negava a colocar um lenço vermelho no CTG, porque seria um absurdo usar algo que remetesse ao maior rival do seu time do coração e ao meu pai, enfim, são tantas coisas, tantos momentos que guardo pra mim, junto com tantas outras boas recordações que posso ter e que levei por tanto tempo a cada jogo, representado sempre pela bandeirado Rio Grande do Sul com o símbolo do Grêmio ao centro. A bandeira que deste de presente pra Ana Luiza e que hoje representa um amor passado de geração a geração.

Enfim, são tantas lembranças boas. Tantos jogos emocionantes. Que eu vi tantas vezes ontem refletidos no choro das crianças agarradas às pernas de seus pais, no grito do torcedor cantando as nossas tão conhecidas músicas, na irritação com a arbitragem, no jeito de balançar a bandeira, de aplaudir, de não se importar com o sol batendo no rosto, com o “apertamento”, com  nada, só com o desempenho do time em campo.

Como dizer adeus a uma casa. Entende que ela não é só casa pelo espaço físico que representa, mas por toda a história embutida ali. Como pensar que no próximo ano a Azenha não terá mais o nosso amado estádio. Sem desmerecer a Arena, que acho um projeto lindo, mas a história se leva muito tempo pra se construir e o Olimpico é tão rico de momentos memoráveis que é tão difícil saber que essa história não terá mais sua representação física pra se levar os filhos daqui uns anos e dizer: sabe, quando eu era menor, assisti a tantas partidas emocionantes aqui, em um tempo em que o futebol era marcado pela garra e pelo amor a camiseta de verdade, pra sempre!

2012 é o ano das mudanças da minha vida, começou assim e está terminando da mesma maneira. Despedi-me ontem do lugar que tantas vezes me fez me sentir em casa. Agradeço a cada companhia de cada jogo, a todas as pessoas que alimentaram esse meu amor ao time e que mais do que isso, compartilharam esses momentos dentro do Olimpico comigo. Espero que tenhamos momentos tão bons quanto esses e quem sabe melhores na nossa mais nova casa. Espero que logo estejamos sentindo a mesma emoção de se virar um jogo, de se comemorar uma vitória, um pênalti defendido, de cantar o hino do Rio Grande do Sul e do Grêmio não só com a voz, mas com o coração, como fizemos tantas vezes.

Aquela chamada do celular mudou meu dia.

Aquele estádio mudou minha vida...


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